terça-feira, 28 de janeiro de 2014

VERTENTE CLÁSSICA OU RENASCENTISTA

Poesia de influência italiana trazida por Sá de Miranda e António Ferreira.

1. A nível dos temas:
1.1. Influência Petrarquista (Francesco Petrarca, poeta italiano)
O retrato idealizado da mulher amada. Ela é caracterizada e descrita como sendo uma deusa, um objeto divino – é intocável, misteriosa e sempre ausente. A ausência permite ao poeta ver mais intensamente
dentro da alma a essência da sua beleza, de que os cabelos, os olhos e as faces são apenas um reflexo da beleza divina. Assim, a idealização da mulher concretiza‐se, sobretudo, em retratos em que o aspeto físico
atinge a impessoalidade do convencional ‐ olhos sempre claros, cabelos louros, tez nívea, faces rosadas – e o aspeto espiritual se caracteriza pela serenidade, a doçura do riso, a brandura do gesto (rosto) sossegado. Esta visão da mulher traduz, também, a conceção platónica do amor ideal e inacessível.

A conceção do amor puro e ideal já se encontrava nas cantigas de amor. Petrarca renovou essa conceção, criando o modelo da mullher perfeita, divina, emanação de Deus, da qual brota o que há de belo na Terra. O amor é uma aspiração a um objeto inatingível, porque não existe neste mundo. O que aqui se vê é um reflexo do verdadeiro modelo, essência que mora num mundo superior – o mundo inteligível ou das ideias. Assim, o verdadeiro amor (amor platónico) é um sentimento ausente de desejo físico, mas apenas concentrado na contemplação de uma deusa – a mulher amada.
Os efeitos contraditórios do amor, que levam à inconstância no estado de espírito do sujeito poético.

A invocação da Natureza, ora como reflexo, ora como contraste do estado de alma do
sujeito: alegre se a amada está presente; triste se ela se ausentou ou a relação amorosa se rompeu.

1.2. Influência de Platão (filósofo):
• Platão considerava a existência de dois mundos: o mundo sensível, que nos rodeia e no qual vivemos e o mundo inteligível, mundo em que vive Deus, mundo ideal, onde impera a Suprema Beleza, Bondade e Justiça. 
A beleza da Natureza e o encanto físico e moral da mulher amada, presente no mundo sensível, não são mais do que um reflexo da beleza divina, presente no mundo inteligível. Esta teoria platónica já estava presente na poesia provençal e na poesia petrarquista, que divinizava a mulher por a considerar um raio de eterna luz, raio da divina formosura.

1.3. Influência greco‐latina (de poetas, como Virgílio, Homero, etc.)
• a brevidade da vida que traduz a angústia do poeta perante a passagem do tempo e a aproximação inevitável da morte;
• a mudança;
• o elogio da vida rústica, campestre, em que o poeta descreve a vida calma dos lavradores e dos pastores, o colorido da paisagem, os frutos saborosos, em contraste com a agitação da guerra e da vida urbana e cortesã.

2. A nível da forma:
• Métrica (medida nova):
Decassílabos (10 sílabas métricas);
Menos frequente, hexassílabos (11 sílabas métricas).
• Variedade estrófica:
Soneto – composição poética fixa de assunto fundamentalmente lírico ou amoroso, constituída por catorze versos distribuídos por duas quadras e dois tercetos. Os versos são decassílabos e o esquema
rimático mais frequente é abba/ abba/ cdc/ dcd.
canção;
sextilha ‐ Estrofe de seis versos, cujos esquemas rimáticos podem ser variados;
elegia ‐ poema de tom terno e triste. Geralmente é uma lamentação pelo falecimento de uma personagem pública ou de um ser querido.





Sem comentários:

Enviar um comentário

Faça aqui os seus comentários

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.