quarta-feira, 22 de novembro de 2017

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Crónica de D. João I de Fernão Lopes

  1. Com a morte de D. Fernando, em 1383, ficou como regente a sua viúva, D. Leonor Teles, até que a sua única filha legítma, a Infanta D. Beatriz, assumisse o trono. Porém, esta era casada com D. João I, rei de Castela, e assim sendo, na hipótese de D. Beatriz ser aclamada, estaria em causa a independência de Portugal.  Perante esta crise, a população de Lisboa insurgiu-se contra D. Leonor Teles. 
  2.  A revolta foi liderada por D. João, Mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro.   O Conde Andeiro, fidalgo galego e amante da rainha, é assassinado pelo Mestre de Avis.  D. Leonor Teles pediu auxílio ao rei de Castela. 
  3.   O rei de Castela, apesar de o contrato de casamento ter previsto o reino de Portugal e o de Castela ficariam sempre separados, acabou por invadir Portugal, originando vários confrontos em que os Portugueses saíram sempre vencedores:  Cerco de Lisboa (1384);   Batalha de Atoleiros (1384);   Batalha de Aljubarrota (1385);   Batalha de Valverde (1385). 
  4.   O Mestre de Avis foi aclamado rei de Portugal nas Cortes de Coimbra em 1385 e a paz com Castela veio a ser assinada em 1411.

  5.   No ínício da era cristã, o vocábulo “crónica” designava a narração histórica pela ordem do tempo em que os factos iam acontecendo. 

  6.  Crónica de D. João I 

  7.  Apresenta características inovadoras próprias de Fernão Lopes:
  8.  • Narra os acontecimentos com bastante detalhe, conferindo-lhe maior visualismo e veracidade.   • Inclui várias perspetivas, nomeadamente a do Povo.
  9.  • Tem uma dimensão interpretativa e estética.
  10.  • Apresenta comentários pessoais do autor.

  11.   Duas partes divididas em capítulos.
  12.  •  1.ª Parte - Narração dos acontecimentos desde a morte do rei D. Fernando até à subida ao trono de D. João I.
  13. •  2.ª Parte - Narração dos acontecimentos ocorridos durante o reinado de D. João I.

  14. O próprio autor chama ao seu discurso “falamento".
  15.  Ele fala com uma convicção de raiz, como se se explicasse, e não como se lesse um texto alheio ou tratasse por obrigação de ofício de uma matéria exterior a ele. Esta presença do autor no âmago da sua obra, cria no leitor um estado de simpatia, como perante uma personalidade que é particularmente cativante. […] Se quisermos analisar a qualidade do estilo de Fernão Lopes, deveremos começar pelo que nos é imediatamente sensível: a sua extraordinária oralidade. Estamos perante um homem que fala a uma assembleia.

  16.   O povo assume grande protagonismo nas crónicas de Fernão Lopes. 
  17. O cronista dá vida às multidões, transformando-as numa força unificada, principalmente através do movimento que lhes imprime e que elas cumprem como se fossem um ser único, um ator coletivo. Exemplo disso, na Crónica de D. João I, é o tumulto que ocorre quando o povo de Lisboa pensa que o Mestre de Avis vai ser assassinado.  O grande ator das crónicas de Fernão Lopes é, na verdade, o povo.  A existência do povo como sujeito da História, do povo que se sente senhor da terra onde nasce, vive, trabalha e morre e que ganha consciência coletiva contra os que querem senhoreá-lo, do povo que é a fonte última do direito, é a grande realidade que ressalta das crónicas de Fernão Lopes.







quarta-feira, 11 de outubro de 2017

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Fernão Lopes

Cronista de D. João I, guarda-mor das escrituras da Torre do Tombo, é a figura mais importante da literatura portuguesa medieval.
Conhecido cronista português, Fernão Lopes deu-nos a conhecer uma nova conceção da História, marcada sobretudo pela imparcialidade que se esforça por manter.

A sua importância reside no cuidado em fundamentar a escrita historiográfica em provas documentais, assim como no talento de que dá provas como escritor, descrevendo com minúcia e vivacidade as movimentações de massas (sobretudo durante as sublevações de apoio ao Mestre de Aviz, em Lisboa) e algumas cenas dos eventos que regista, incluindo diálogos, o que consegue não só com remissões a testemunhos fidedignos, mas também com uma capacidade de manejar a linguagem que coloca a imaginação ao serviço da verdade, de que acaba por se não excluir.
As suas crónicas transbordam de visualidade, realismo descritivo e dramatização, que a par de uma simplicidade linguística a todos atrai. A Crónica de D. João I é considerada uma obra-prima.

Abolindo a barreira do tempo, faz ressurgir o passado, permitindo aos leitores viver com ele acontecimentos que alteraram profundamente a sociedade portuguesa.  Fernão Lopes foi apelidado de "pai" da História Portuguesa. E, de facto, este cronista/historiador teve uma importância fulcral para a História e Cultura de Portugal.

Presume-se que tenha nascido por volta de 1380, oriun­do das camadas populares, da arraia-miúda. Essa origem humilde teria inclinado Fernão Lopes a conceber o povo como um dos protagonistas desse imenso drama que é a história de uma Nação.

 Em 1434 foi promovido por D. Duarte ao cargo de Cronista-Mor do Reino, encarregado de “poer en cronyca as estórias dos Reys que antyguamente en Portugal foran“, ou seja, encarregado de contar a história dos reis de Portugal. Exerceu esse cargo até 1454, quando foi substituído por Gomes Eanes de Zurara (ou Azurara). Pa­rece ter vivido até 1459 ou 1460.

Expressando-se em um estilo elegante, elaborado, mas sóbrio, sem maneirismos ou afetações, Fernão Lopes é tam­bém o primeiro prosador português de quem se pode di­zer que o estilo identifica o homem.

As marcas dessa individualização revelam-se:
- na expressão vibrante e arrebata­dora, próxima da epopeia;
- na plasticidade das descrições, que permitem uma visualização palpitante das cenas;
- na capacidade de prender a atenção do leitor em um suspense contínuo, com ações simultâneas, cortes abruptos na nar­rativa, digressões;
- na habilidade dos diálogos que confe­rem dramaticidade às ações e revelam qualidades teatrais;
- na densidade dos retratos psicológicos das personagens que presentificam na imaginação do leitor os vultos históricos do passado;
- na combinação de feitos individuais e de mo­vimentos de massa na mesma unidade de ação, fazendo convergir acontecimentos múltiplos para um desfecho;
- no ardor polémico em que se alternam o tom colérico, indig­nado e o tom irónico, depreciativo;
- uma linguagem sóbria, cuidada, às vezes próxima do coloquial.